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“A única obsessão que toda a gente quer: “amor”. As pessoas pensam que ao amar se tornam inteiras, completas? A união platónica das almas? Eu não penso assim. Penso que estamos inteiros antes de começarmos. E o amor fractura-nos. Estás inteiro e depois estás fracturado, aberto. Ela foi um corpo estranho introduzido na tua totalidade. Aquele que forma um laço está perdido, a ligação é minha inimiga e, por isso, eu empregava aquilo a que Casanova chamava “o remédio do estudante” – em vez dela masturbava-me. Imaginava-me sentado ao meu piano enquanto ela estava toda nua ao meu lado. Uma vez representámos esse tableau ao vivo, de modo que eu estava tanto a recordar como a imaginar. (...)
O que é o ridículo? Renunciar voluntariamente à nossa liberdade: esta é a definição do ridículo. Aquele que é livre pode ser louco, estúpido, repelente e sofrer precisamente porque é livre, mas não é ridículo (...) talvez agora que me aproximo da morte também eu anseie secretamente por não ser livre.”
O que é o ridículo? Renunciar voluntariamente à nossa liberdade: esta é a definição do ridículo. Aquele que é livre pode ser louco, estúpido, repelente e sofrer precisamente porque é livre, mas não é ridículo (...) talvez agora que me aproximo da morte também eu anseie secretamente por não ser livre.”
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Philip Roth, in O Animal Moribundo
Philip Roth, in O Animal Moribundo
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*imagem em http://www.pixelpost.org/
*imagem em http://www.pixelpost.org/
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3 comments:
Poderá ser obsessão, mas deixará de o ser se e quando cessar a causa que a desencadeou.
Penso que o amor nos faz sentir mais completos, mais inteiros, mais íntegros, e que se existe algo que nos possa fracturar, não será o amor, a menos que se trate de amor não correspondido. Aí, sim, tudo se quebra e pulveriza em miríades de estilhas.
Achará o autor que liberdade e amor não se coadunam. Não comungo de tal opinião. Quem ama outrem, tem que amar, também, a liberdade. A sua e a do outro. No amor não pode haver escravatura.
Dar e receber, eis o que importa, porquanto quem dá e recebe fica sempre inteiro… e completo… e livre!
É o que penso sobre a matéria. :))
Abraço.
Cruzeiro do Sul
Quem dá e recebe fica sempre inteiro...
Quem dá mais do que recebe fica credor, mais completo ainda
:)
e quem apenas recebe mas não dá... como fica? (de ego insuflado, presumo)
boa noite Cruzeiro do Sul
Quem apenas recebe mas não dá, torna-se fiel depositário, qualidade que confere a este credor enorme responsabilidades, entre as quais destacarei a responsabilidade de intercâmbio, que o mesmo é dizer de permuta desse subido valor que se dá pelo nome de “amor”. :))
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