17 July 2007

Mãos...

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O que fazemos com elas, e o que fazemos quando não sabemos o que fazer com elas...
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“Mas, precisamente porque toda a sua atenção se concentra em exclusivo neste esforço de dissimulação do que existe de notório na sua pessoa, isto é, na sua figura, esquecem as mãos, esquecem que há pessoas que observam unicamente estas mãos e que, através delas, conseguem adivinhar tudo aquilo que tanto se esforçam por ocultar, de sorriso nos lábios e falsas expressões de indiferença. A mão, essa trai sem pudor o que eles têm de mais secreto.
Pois há-de surgir, forçosamente, um momento em que todos aqueles dedos, a custo contidos e parecendo dormir, deixam o seu indolente abandono (…) cada uma destas mãos esboça involuntariamente um movimento muito pessoal, muito individual, imposto pelo instinto primitivo.
E quando se está habituada, como eu, a observar este tipo de arena das mãos (…) acha-se muito mais apaixonante do que o teatro ou a música esta forma brusca, incessantemente indiferente, incessantemente imprevista, em que os temperamentos, sempre novos, se desmascaram, (…) os milhares de atitudes que revelam as mãos (…)”
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Stefan Zweig. 24 Horas da Vida de uma Mulher
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*Imagem Fernando Botero, Manos, 1998
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